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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sobre as boas companhias

Caro Metromosca, você me fez lembrar as cartas do filósofo Sêneca ao seu amigo Lucílio, que juntas geraram o livro: aprendendo a viver. Reproduzo aqui uma das mais curtas (carta LXII):

"Mentem as pessoas que se dizem muito atarefadas para poder se dedicar ao estudo. Elas se fazem de ocupadas, exageram suas preocupações, e afinal preocupam-se somente com elas mesmas. Minha liberdade, Lucílio, é plena e inteira; onde estiver, estou livre para mim mesmo; eu não me entrego às coisas, mas as aproveito e não fico correndo para cá e para lá com pretextos que desperdiçam meu tempo. Em qualquer lugar que eu esteja, volto-me para meus pensamentos e me concentro, na minha alma, em algo de salutar. Quando estou com amigos, não me distancio de mim mesmo. Não me deixo ser tomado por pessoas com as quais a obrigação social colocou-me em companhia: pertenço apenas aos mais virtuosos. Seja onde for sua pátria ou em que século tenham vivido, é para eles que se volta meu pensamento. Demétrio é a própria virtude; eu o levo a todo lugar comigo e, deixando de lado os que se vestem de púrpura, converso com um despojado: eu o admiro. Pois é preciso admirá-lo, visto que não lhe falta nada. Uma pessoa pode desprezar todas as coisas, mas não há quem possa ter todas as coisas. Para ser rico, a via mais curta é o desprezo das riquezas. Nosso Demétrio não vive como um homem que despreza todos os bens materiais, mas como quem deixa aos outros sua posse. ADEUS."

Sêneca foi durante dez anos PRECEPTOR de Nero.

Barba Ruiva

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