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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Multa, polícia, manobra proibida... mas livre pra dizer: “- Estou puto!”

       Na situação retratada pelo Bigodudo sobre multas de trânsito, e pegando embalo na postagem do querido Comuna, lembram-se do personagem no filme “Um Dia de Fúria”, aquele cidadão engravatado, cansado da canalhice dos outros, da vida agitada da cidade e da profissão sem sentido, que resolve explicitar toda raiva reprimida? Pois bem, iniciaremos um adestramento para ele ficar inofensivo, cordial e acomodado. Como? Mostraremos agora, detalhando as 4 etapas desse treinamento básico:

1ª Etapa – acionando a POLÍCIA: de imediato, a terapia de choque é a mais recomendada, usando contra esse indivíduo a força bruta e verbos no imperativo, reprimindo-lhe por pessoas munidas com fardas e balas de borracha;

2ª Etapa – acionando a MÍDIA: claro, para evitar o surto de inconformidade contra a ordem social, é necessária a prevenção com métodos de entretenimento, e para isso coloquemos tal cidadão diante da tv aos domingos, estimulando-o ao consumo e anestesiando-o com ícones de beleza, ou então deixar tal telespectador amedrontado pelo telejornalismo policial a alimentar a insegurança pública e o medo dele de sair de casa e conversar com outras pessoas;

3ª Etapa – acionando a ESCOLA: podar a criatividade e o senso crítico deste cidadão como tarefa primordial. É na escola onde os conhecimentos são desconectados da realidade, fragmentados e memorizados sem questionamentos, formando-se o ser dócil, sem o hábito da leitura e desacostumado a pensar por conta própria, desprovido de curiosidade ou inquietações;

4ª Etapa – acionando a IGREJA: abafar a natureza impulsiva, passional e transgressora desse cidadão a partir da formação catequizadora e institucionalizada, inculcando-lhe doutrinas e ritos contrários à autonomia intelectual em nome de um ser resignado, penitente e temeroso.

     Concluídas essas 4 fases, teremos o pacato cidadão. Todavia, há liberdade na vida moderna, mas cabe a cada um detectar tais brechas de autonomia, nem que seja para twittar ou blogar ao declarar-se indignado com a AMC, a escola, a mídia, o capitalismo, a ciência, a igreja ou os partidos políticos.
                                                             
                                                     Att. Sabugosa

P.S: Ido Ader, conversei com o Comuna e então lhe perguntamos: "afinal, o nosso reboco tapou o buraco na parede?" (código cifrado - risos!).

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