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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

História de Vida, História da Humanidade e uma Estória pra contar...

       Uma espiral, um ciclo, uma teia, um rio; diversas são as fôrmas ao se evocar o devir histórico, o futuro... Destino, possibilidades, karma, heteronomia, materialismo histórico; também diversos são as versões sobre o raio de alcance das nossas ações... Quais as metáforas e/ou conceitos para compreendermos o PERCURSO HISTÓRICO biográfico e humanístico? Como podemos nos sobressair diante dos imperialismos do Vaticano, Sony Entertainment Television, Reitorias, CNPq, Palácio do Planalto, Pentágono, Google? Sem dúvida não é torcendo para o tempo passar, o porvir, até surgir um profeta religioso, líder político ou sistema econômico que substitua os atores e dê um final (feliz) aos acontecimentos... Como apalpar uma “utopia” chamada liberdade, autonomia, senso crítico? É algo volátil, tão ao longo prazo, que não vem quando eu termino de ler uma obra de Dostoievsky ou um Machado de Assis, ao contrário dos anabolizantes e filmes hollywoodianos a surtirem estímulos instantâneos, descortinarem desejos e exporem mensagens claras, óbvias!

        Indo direto ao ponto: "como apalpar isso que chamamos de autonomia, senso crítico? Seria uma utopia?". Esse é um dos assuntos da nossa tele-aula de hoje! Para isso, vamos a um experimento prático onde analisaremos o comportamento de três animais soltos num habitat litorâneo, sendo as ações e comunicações desses seres registrados por câmeras.

(!) Advertência: esse experimento não fere o código de proteção animal e nem as cláusulas pétreas da ética em pesquisa.

Vida de Garoto - A Série (1º capítulo):
http://www.youtube.com/watch?v=6780xFr5B1M&feature=related

       Vivendo aparentemente em “liberdade”, os três animais não se dão conta de todo um aparato de controle que os observa e define como eles agirão, se comunicarão e os pensamentos mais adequados às situações postas. As ações inconsequentes por conta dos despejos hormonais, característicos nessa fase do ciclo de vida, a adolescência, deixam nossos espécimes desprovidos de pensamentos férteis sobre “por que estou a fazer isso?”, “por que me visto assim?”, “quem propiciou tais benefícios para eu desfrutá-los?”, “como posso otimizar meu tempo livre?”, “o que é vida em sociedade?”. Porém outros fatores, não apenas os biológicos, influem ao revisarmos a pergunta-de-partida de nossa experiência de campo: “como apalpar uma utopia chamada liberdade, autonomia, senso crítico? É algo volátil, tão ao longo prazo [...]”  

      Reparem que os três seres, bípedes, aparentemente sentem-se autores das ações, falas e idéias expostas no vídeo, contudo suas linguagens obedecem às gírias pré-definidas, as roupas são popularizadas por modas, os penteados são formatados por ídolos de bandas teens, sua alimentação é prescrita por propagandas, seus recursos tecnológicos não exercitam suas capacidades de criação e reflexão, seus corpos são modelados e higienizados por padrões pré-aprovados. Nessa fase da evolução neuropsíquica, hormonal e anatômica denominada adolescência, dois fatores puxam esses seres para direções divergentes: 1) impulso sexual condizente à condição biológica do ser humano e 2) atrofia intelectual pela superestimação do “ser adolescente” e pela subestimação do “homem enquanto ser social e animal político”. Dessa forma, tais espécimes desintegram-se, não encontrando coesão de raciocínio e/ou de atitude à proporção que se isolam das cadeias de acontecimentos a predizerem o percurso histórico, ou seja, do contexto político e social que os envolvem e que influirão em suas vidas futuras, se reduzindo à lógica do acasalamento no estilo “caçador” & “presa”, “macho” & “fêmea”, “sexo a dois” & “masturbação”.  

(!) Advertência: FELIZMENTE, não ferindo o código de proteção animal e nem as cláusulas da ética em pesquisa, ao término do experimento deu-se o sacrifício dos três animais sob tais legislações em vigor.

        Agora, prosseguindo com nossa tele-aula, vamos analisar um 2º caso, com outro espécime, numa situação oposta à anteriormente mostrada:

Lula - Filme João
http://www.youtube.com/watch?v=KWmj7Ls4edY&feature=related

(!) Advertência: FELIZMENTE, ferindo o código de proteção animal e as cláusulas da ética em pesquisa, ao término do experimento não deu-se o sacrifício desse espécime em decorrência do mesmo contrariar as normas ditas como "certas", o status quo, convencendo portanto as autoridades científicas a continuar vivendo em liberdade.

       A linguagem, os pensamentos e as atitudes desse ser vivo traduzem uma liberdade de expressão, independentemente de ter ou não aprovação de todos, que geram escolhas a impactarem sua vida e a de todos ao seu redor. Devo largar um vício? Devo cursar uma faculdade? Devo constituir família? São opções, escolhas... Largar o vício do tabagismo para quê? Talvez para usufruir uma vida longeva, não sobrecarregar o sistema de saúde futuramente e não alimentar o poder da indústria do cigarro, sendo um exemplo no qual a história de vida influiria na história da humanidade. Casar-se para quê? Talvez para aplacar o egoísmo ao aprender a compartilhar, vivenciar o amor incondicional na maternidade/paternidade e propiciar à futura prole uma educação que a faça enfrentar e transformar o mundo em que vive. Enfim, são escolhas conscientes, livres de influências e modismos, assim como a opção por não largar o cigarro, mas respeitando o espaço do não-fumante, ou de não casar e nem ter filhos... Atitudes cônscias que nem sempre farão bem à saúde, à virilidade ou à situação financeira, mas advem de reflexões e transformam o ambiente, geram impactos, inquietações, reflexões...

Ao final de nossa TELE-AULA, é hora de revisar...

     Na tele-aula de hoje aprendemos que, de acordo com a postagem abaixo do colega Ido Ader,

“O ‘fazer história’ representa um momento central da atividade cultural HUMANA, sendo dotado de uma função específica e essencial. A história é o exercício da memória realizado para compreender o presente e para nele ler as possibilidades do futuro, mesmo que seja de um futuro a construir, a escolher, a tornar possível. Mas, é justamente a atividade da memória, a focalização do passado que anima o presente e o condiciona, como também o reconhecimento das suas possibilidades sufocadas, distantes ou interrompidas, e portanto das expectativas que se projetam do passado/presente para o futuro, que estabelece o horizonte de sentido de nossa AÇÃO, de nossas escolhas. A memória não é absolutamente o exercício de uma fuga do presente nem uma justificação genealógica daquilo que é, e tampouco o inventário mais ou menos sistemático dos monumentos de um passado encerrado e definido que se pretende reativar por intermédio da nostalgia: não, é a IMERSÃO na fluidez do tempo e o traçado de seus múltiplos – e também interrompidos – ITINERÁRIOS, a recomposição de um DESENHO que, retrospectivamente, atua sobre o HOJE projetando-o para o futuro, através da indicação de um SENTIDO, de uma ordem ou desordem, de uma execução possível ou não.”
                                                                                                                                             Franco Cambi, 1995.


                                                                                                    Att. Sabugosa

Um comentário:

  1. Indagações de um aluno da tele-aula da semama: E quando a pessoa olha seu passado e não se reconhece? Constata que é um elástico tensionado pelo tempo cuja ponta principal ainda está presa nas décadas de 80 e 90? Percebe que a biografia do outro ultrapassa 600 páginas e a própria cabe apenas em um bloco de anotações? O que dizer de amigos e fatos passados transformarem-se em substantivos e compartilharem do verbo a transitoriedade? E ao reavaliar as decisões tomadas, chegar a conclusão de que a grande maioria fora equivocada? E tudo isso justifica um presente de merda e um futuro de bosta. Bloquear a memória, o presente é passado e o futuro? Não sei. Ass. a estupidez. HSP

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