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sábado, 28 de agosto de 2010

Ensaio sobre a VIDA

Fechar os olhos e adormecer no mais profundo sono, sem peso nenhum para carregar sobre os ombros, apenas a leveza da respiração. Porém a mente ainda esconde muitas coisas. Uma noite de sonhos, passagens de alguns momentos de toda uma vida que ainda não acabou. Nos SONHOS as respostas parecem mais fáceis de serem construídas, pois a noite une na plenitude o consciente e o inconsciente da existência. Dentro deste (in)consciente, imagens se misturam, tentando dizer algo através da linguagem dos significados das experiências do cotidiano, mas a rapidez com que tudo acontece leva a crê que foram apenas sonhos. O dia inicia de uma forma diferente, não foi apenas mais um amanhecer, mas sim o nascer de alguém com vários aniversários. Será esta a sutil demonstração do nascimento FILOSÓFICO na sua forma primeira, forma de centelha, forma de grão de areia na imensidão da praia da vida? Vários aniversários para fazer nascer o novo, o diferente, o interessante, a luz, a dúvida e a feliz sensação de que não se precisa mais temer o futuro, pois este por vir é o agora. A vida singular de cada um, com suas histórias, fazendo o peculiar ensinar de forma clara, mas por falta muitas vezes da maturidade, deixando tanto o claro como o sutil passar despercebido. O claro e o sutil, o feito e o presenciado, o lido e o relatado, formas da mesma face da vida que ao nascer do sol, ilumina mais um dia. Dias de sol, e muitos foram vistos como apenas mais um dia.

Dia de muitos sonhos, o abrir dos olhos inicia fisicamente o agora, o imaginário confrontado com a realidade, gerando expectativas, realizando desejos ou causando frustrações, a ação do cotidiano correndo nas veias com toda a sua dinâmica. A velocidade desta dinâmica faz das horas apenas poucos minutos, e quanto mais absorvido pelo processo e pela fluidez do momento presente, mais pragmática e volátil a noção do todo parece, pois em muito, a falta da CONSCIÊNCIA REFLEXIVA de que todo instante pode ser o instante decisivo de uma vida, nem sempre é compreendida com o zelo cabível. Passado e presente, o futuro por vir com as incertezas, as únicas certezas da vida, mas também a beleza desafiadora e motivadora da liberdade, da criatividade e da espontaneidade humana, que só deixa de ter limite para tornar-se infinita, se a AÇÃO escolhida for a do querer o BEM. A vontade e o querer, poder de superar tudo, e assim resistir as maiores dores que o imaginário ainda não tenha previsto. Sentir a força e a renovação após o momento superado, sentir o AMADURECIMENTO ou então pior, continuar alienado ou alheio à oportunidade experimentada. Livre arbítrio, opção, ignorância e consciência, é a simples existência do ser humano, que nasce totalmente dependente, que dependente pode continuar por opção ou por falta de opção, pois na maioria das vezes o acesso às boas oportunidades não é um direito de todos. A superação de boa parte desta dependência não deve ser compreendida como independência, mas como a construção de um Ser melhorado que se torna responsável por muitos dos que ainda se encontram dependentes. Senhor do destino de muitos, da geração de tantas oportunidades e ou da deliberada ação do não, oportunidade e privilégio maior. Quantos aproveitaram este privilégio estando conscientes do caráter preponderantemente ALTRUÍSTA desta missão?

Saúde e Paz,

Ido Ader.

Um comentário:

  1. Colega Ido Ader,
    Belíssima reflexão! Isso, pronunciado numa sala de aula ou numa cantada, seria fatal... (risos!) Hoje em dia, o exercício da abstração está esquecido, priorizada apenas a obsessão pela "utilidade" da linguagem e do pensamento, o que desencadeia a corrida dos cidadãos modernos pela literatura de auto-ajuda e educação no estilo supletivo/ensino técnico. Infelizmente muitos jovens não alcançam um nível satisfatório de compreensão da realidade, e a causa não é o baixo grau de escolaridade, e sim o espírito contemporâneo de ser prático, ágil, medir as coisas no aspecto custo/benefício, "time is money", o menosprezo ao ócio criativo e a abominação pela solidão/auto-conhecimento. Nesse último quesito, muitos deixam que os terapeutas, medicamentos de tarja preta, drogas e a indústria do entretenimento simulem virtualidades acerca do cotidiano, institucionalizando o setor de serviços mais lucrativo do capitalismo, que é a fuga em relação aos outros e a si próprio.

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