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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Contramão, marcha a ré e vias de duplo sentido...

       Além do analfabeto político, postado pelo colega Comuna, há outra grande pandemia, a do desorientado político, que independe da vida pregressa do cidadão/eleitor, passando este à condição de vítima de tal desorientação... Afinal, esquerda ou direita nos balizam sobre o que? Hoje em dia, essas direções servem apenas nas aulas em auto-escolas... Os referenciais partidários, nacionalistas e étnicos se esvaem. Tal desenraizamento político, livres da dicotomia ‘esquerdista’ x ‘direitista’, parece até saudável, pois seria menos doutrinário, caricaturado, contudo não sabemos mais se partidos políticos possuem 'pedigree', se ONGs possuem convicções sobre suas 'missões' ou os movimentos sociais se orgulham pelo mero capricho da 'diferença'. Se o analfabetismo político brota de (in)consciências inertes e individualizadas, a desorientação política transcende nosso poder de escolha (agir ou não?), nos deixando sem bússola ou corrimão para nos guiarmos em projetos políticos. Ao invés de projetos políticos, vemos “projéteis” ideológicos que nos fuzilam com marketing eleitoral, logomarcas, modismos e votos de cabresto... Ou vai me dizer que, com um formulário em mãos no estilo check list, você catalogaria alguém em liberal ou conservador, capitalista ou socialista, de esquerda ou de direita, a partir de indícios como:

Esquerda: preocupação com o desenvolvimento social, distribuição das riquezas, luta contra o capitalismo selvagem, reforma agrária, causas ecológicas, posicionamento contrário às estruturas conservadoras do poder (igreja, família patriarcal, ditadura militar, empresários, latifundiários), luta a favor de grupos excluídos (sindicalistas, mulheres, negros, imigrantes, mestiços, indígenas, homossexuais, pobres, jovens, artistas regionais), regime estatal e socializado dos serviços à população (educação, saúde, segurança, previdência, empresas de domínio público/estatizado), proteção à cultura local, regional e popular.

                                                            OU

Direita: preocupação com o desenvolvimento econômico, acumulação de lucros, luta contra o socialismo e comunismo, concentração de terras nas mãos de latifundiários, avanço da industrialização à revelia do meio ambiente, posicionamento a favor das estruturas conservadoras do poder (igreja, família patriarcal, ditadura Militar, empresários, latifundiários), interesses contrários aos grupos excluídos (sindicalistas, mulheres, negros, imigrantes, mestiços, indígenas, homossexuais, pobres, jovens, artistas regionais), neoliberalismo através da privatização dos serviços nas áreas da educação, saúde, segurança, previdência, comercialização e elitização através da indústria cultural.

      Os jovens eleitores de hoje ainda se guiam por esses almanaques políticos? O que é o coroa careta? O que é uma adolescente liberal? O emo niilista? O roqueiro rebelde? O hippie ecologicamente correto? O playboy hedonista? O surfista da contracultura do reggae? O biólogo holístico? O nutricionista vegetariano? O militante do PT? O microempresário burguês? O trabalhador terceirizado sindicalizado? Estaríamos nos guiando por caricaturas? Atualmente, quais referenciais os nossos personagens do cotidiano elegem em suas existências em prol de uma mobilização política?

      Haveria ainda possibilidade de batizar como “norte” ao rumo que o ponteiro dessa bússola indica? Por favor, digníssimos coveiros, exumem Émile Durkheim para um papo sério e, se não pedir demais, que os abençoados garçons nos sirvam cervejas geladas para inspirar algum otimismo nessa conversa, que será demorada...

                                                                             Ass.: Sabugosa

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